Aqui falaremos um pouco sobre os principais Transtornos, dando ênfase àqueles que aparecem com maior frequência em nossa população.
Nos últimos anos, observamos um aumento significativo do número de pessoas com Transtornos Alimentares. Acredita-se que este aumento se deve á fatores não somente familiares, mas socioculturais, ambientais e biológicos.
Em nossa atualidade, podemos observar uma dinâmica que envolve uma busca incessante pelo corpo ideal, padrão de magreza, beleza a qualquer custo, muito influenciada pelas redes sociais e internet no geral.
O que são e quais são os transtornos alimentares?
Os Transtornos Alimentares (TA) são doenças psiquiátricas caracterizadas por alterações significativas no comportamento alimentar e no controle de peso e forma corporal, causando prejuízos clínicos, emocionais e/ou sociais importantes.
Em muitos casos, as primeiras manifestações ocorrem na infância e adolescência. A maioria dos casos de transtornos alimentares são doenças que acometem, principalmente, adolescentes e mulheres jovens. Descubra Os Principais Transtornos Alimentares
1. Anorexia Nervosa: A Busca Incansável pela Perfeição
Anorexia Nervosa caracteriza-se pela intensa perda de peso. Pessoas com este transtorno praticam severa restrição alimentar, com a intenção de evitar o ganho de peso ou perder peso. Também utilizam de laxantes, diuréticos e prática excessiva de exercícios físicos, a fim de eliminar toda a gordura corporal.
Os pacientes também apresentam distorção na imagem corporal, enxergando-se sempre acima do peso quando muitas vezes estão abaixo do peso ideal. A anorexia acomete, principalmente, mulheres jovens.
Alguns critérios usados no diagnóstico da anorexia são:
- Busca intensa pela magreza do corpo. Recusa em manter o corpo dentro do peso considerado ideal.
- Medo intenso de ganhar peso ou parecer gordo, mesmo que a pessoa já esteja abaixo do peso ideal.
- Distúrbio na maneira de perceber o corpo. Percepção do corpo com a aparência distorcida da realidade.
- Ausência de ciclos menstruais, no caso de mulheres.
- Adoção de rotinas de exercícios físicos em excesso
- Alterações psiquiátricas como mudanças de humor, transtornos de ansiedade e personalidade.
A Anorexia pode levar a problemas cardíacos, gastrointestinais, infertilidade e hipotermia, desnutrição severa, entre outros inúmeros prejuízos para a saúde. As complicações clínicas podem levar até a morte.
2. Bulimia Nervosa (BN)
Em geral, os indivíduos com BN apresentam uma importante insatisfação corporal, se engajam em comportamentos restritivos que precipitam episódios de compulsão e, como forma de tentar controlar o peso, buscam alguma forma de compensação por meio de purgações (autoindução de vômito, uso de laxantes, diuréticos e/ou novas e mais intensas restrições e/ou atividade física.
Na Bulimia Nervosa ocorre grande ingestão de comida em um curto intervalo de tempo. Após isso, ocorrem episódios de auto indução de vômitos, jejuns, uso de laxantes ou práticas excessivas de exercícios físicos para eliminar o que foi ingerido, evitando assim o ganho de peso. Esse comportamento é chamado de episódio bulímico e pode ocorrer até duas ou três vezes durante uma semana, nos casos considerados leves. Muitas vezes, os alimentos escolhidos são doces, bolachas e chocolates. Após a exagerada ingestão de alimentos, a pessoa sente-se culpada, com vergonha de si e tristeza profunda.
Os principais critérios usados no diagnóstico da bulimia são:
- Preocupação excessiva com o peso e a imagem corporal.
- Sensação de perder o controle sobre a alimentação. Comer até sentir desconforto.
- Comer grande quantidade de comida em pequenos intervalos de tempo.
- Com o medo de engordar, são adotadas as práticas de vômito induzido, uso de laxantes e jejuns.
- Sintomas típicos de quadros depressivos e ansiosos.
3. Transtorno da Compulsão Alimentar (TCA): Perda de Controle e Culpa
No caso da Compulsão Alimentar (TCA), apresentam-se sintomas relacionados ao comportamento alimentar exagerado.
O indivíduo ingere grande quantidade de comida em um curto período de tempo, não utilizando nenhuma ação compensatória para eliminação do conteúdo ingerido, porém, sente muita culpa, vergonha, muitas vezes preferindo se isolar para que este momento seja privado e não lhe cause desconforto.
Os episódios de compulsão geralmente são desencadeados por questões emocionais tais como: estresse, ansiedade, depressão, etc.
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4. Tare – Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo
Sigla para Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo. Observado tipicamente em crianças que se recusam a comer um grupo alimentar específico por motivos que vão de aparência e cor a odor, textura, temperatura, paladar etc.
Muitas crianças quando pequenas ou por determinadas fases, apresentam restrições e limitações alimentares que vão se alternando e se transformando ao longo da vida.
É preciso ficar alerta aos sinais quando esta restrição impede por completo a ingestão de alimentos, nutrientes e vitaminas essenciais à saúde.
5. Ortorexia Nervosa (ON)
Transtorno Alimentar relativamente novo e pouco conhecido. A pessoa apresenta comportamentos caracterizados pela fixação por saúde alimentar, pureza da dieta e qualidade dos alimentos.
Embora não seja um TA oficialmente reconhecido, merece destaque por haver um crescente número de estudos na literatura, sugestões de questionários de rastreamento e por ser cada vez mais observado na clínica em pacientes com TA, especialmente AN e BN, que apresentam uma preocupação excessiva com a pureza da dieta, além da preocupação com peso e forma corporal. Há uma grande preocupação e restrição relacionada aos alimentos ingeridos.
Alguns sintomas são de Ortorexia Nervosa:
- Intenso desejo de comer apenas alimentos saudáveis.
- Preocupação com o modo de preparo dos alimentos. A pessoa pode recusar-se a comer alimentos preparados por outras pessoas.
- Perda de peso.
- Preocupação com a aparência corporal.
Tratamento e Diagnóstico dos Transtornos Alimentares – A Restauração da Saúde Física e Mental
Tais critérios diagnósticos apresentados acima, são geralmente observados por profissionais da área da saúde como nutricionistas, psicólogos, psiquiatras. Via de regra, esses profissionais geralmente identificam quando há um padrão de comportamento alimentar disfuncional e direciona o paciente para que seja realizada uma avaliação mais detalhada a fim de se confirmar a existência ou não de um transtorno, que pode estar no início e se não identificado, pode levar o indivíduo a um quadro grave, ou até mesmo à morte.
Desta forma, se faz extremamente importante que os profissionais atuantes na área da saúde estejam preparados e qualificados para identificar possíveis indícios de disfunções nestes comportamentos alimentares.
O tratamento é feito sempre por uma equipe multidisciplinar, composta por Nutricionistas, Endocrinologistas, Psicólogos, Psiquiatras, Fisioterapeutas, Nutrólogos, etc. O tratamento consiste em levar o indivíduo ao seu estado saudável tanto fisicamente quanto emocionalmente, entendendo seu corpo, aceitando, se cuidando, entendendo principalmente quais foram as causas e as motivações para o desenvolvimento de um Transtorno para que não retorne aos comportamentos, pensamentos e emoções que o levaram até lá, e para que haja uma nova oportunidade de aceitação de si mesmo, com relação ao corpo e a si próprio.
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Quebrar o Silêncio e Falar sobre o Problema do Transtorno Alimentar É o Primeiro Passo
O estigma em torno dos transtornos alimentares frequentemente leva as pessoas a manterem seus problemas em segredo, com medo de julgamento ou falta de compreensão por parte dos outros. No entanto, silenciar o sofrimento só agrava a situação e dificulta a busca por ajuda adequada.
Além de conversar com familiares e amigos próximos, é essencial procurar ajuda profissional. Psicólogos, psiquiatras, nutricionistas e outros profissionais de saúde especializados em transtornos alimentares podem oferecer suporte, orientação e tratamento personalizado para ajudá-lo a superar os desafios que enfrenta.
A Importância da Compreensão e do Apoio
Participar de grupos de apoio e buscar recursos online também pode ser benéfico. Conectar-se com outras pessoas que estão passando por experiências semelhantes pode proporcionar conforto, compreensão e inspiração durante sua jornada de recuperação.
Conclusão: Transtornos Alimentares – Mais do que Vaidade ou Falta de Força de Vontade
Há muitos desafios enfrentados por quem lida com transtornos alimentares, é fundamental compreender que essas condições vão muito além de questões superficiais como vaidade ou falta de força de vontade. São complexas interações entre fatores biológicos, psicológicos, sociais e culturais que afetam indivíduos de todas as idades, gêneros e origens.
É importante buscar ajuda, reconhecer a necessidade de uma abordagem empática e profissional para lidar com os transtornos alimentares, onde na maioria das vezes é essencial uma equipe multidisciplinar para a jornada da cura.
Luto para que possamos promover a conscientização e eliminar o estigma para aqueles que enfrentam transtornos alimentares. Juntos, podemos criar um ambiente de compreensão, empatia e solidariedade, onde todos possam buscar o caminho em direção à recuperação e ao bem-estar duradouro.